Foi realizada no RioMarket a mesa "Como fazer crescer o mercado no filme brasileiro", mediada pelo cineasta Helder Quiroga e composta por Adriana Rattes, diretora executiva do Grupo Estação, Luiz Severiano Ribeiro, presidente do Kinoplex, Carlos Marin, diretor executivo do UCI e Marcos Barros, presidente do Cinesystem.
Primeira exibidora a se pronunciar, Adriana identificou como um grande desafio do cinema brasileiro atual o pouco investimento em distribuição, que resulta em filmes chegando ao circuito sem o conhecimento do público e não atingindo seus potenciais de mercado. Para ela, a cota de tela é fundamental, mas insuficiente, pois faltam políticas para formar plateia e incentivos estatais que permitiriam aos exibidores se arriscarem mais. Apesar da crise e da desarticulação na cadeia, Adriana defendeu uma ampliação diversificada do parque exibidor nacional, com mais salas nas periferias e fora dos shoppings.
Carlos Marin ressaltou a dificuldade do enorme custo de operação dos cinemas hoje e a necessidade de uma redefinição do Fundo Setorial do Audiovisual que priorize a produção de filmes mais competitivos.
A "falta de conteúdo" reapareceu na fala de Luiz Severiano Ribeiro, que mencionou como a última quinta-feira foi a pior do ano porque não havia filmes de apelo em cartaz. Segundo ele, numa situação dessa não há promoção de ingressos que resolva, mas o aumento da frequência nas salas está ligado, historicamente, ao lançamento de produções brasileiras com força de mercado. Severiano Ribeiro disse depositar bastante expectativa na rentabilidade de O agente secreto, de Kleber Mendonça Filho, e destacou a pré-venda extremamente antecipada e muito bem-sucedida de A Odisseia, de Christopher Nolan, no exterior, como um case de criação de clima e desejo no espectador.
O perigo da janela de exibição curta foi mencionado em diversas falas, mas Marcos Barros se diferenciou ao descrever o streaming como um aliado na formação de público. Barros também falou do endividamento do parque exibidor e criticou o modelo de produção do cinema brasileiro que privilegia quantidade e não resultados, demandando a união dos diferentes setores da cadeia para a criação de um plano em comum. Ele é um dos fundadores da Federação de Indústria e Comércio do Audiovisual (Fica).
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